
Destaque na semana: a CULTURA RACIONAL no cotidiano.
O UNIVERSO: MUITO ANTES DO SPOK
E ALÉM DA ENTERPRISE
DESAFIANDO O HORIZONTE HUMANO
COM AS CERTEZAS NO STANDBY
A ciência acumulou muito conhecimento, mas a cosmologia, a física quântica e a mente humana se deparam com portas cerradas ao conhecimento humano.
A busca pelo conhecimento é um motor que impulsiona a ciência.
Mas quando Sócrates se senta com Isaac Newton (os cientistas no divã filosófico): é um forte sinal de que algo fora do comum está ocorrendo.
Cientistas e filósofos sentados lado a lado, em diálogo: são os limites da capacidade produtiva científica colocados à prova: da certeza da matéria "compacta" ao pulsar do mundo quântico.
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Não há dúvidas sobre as conquistas científicas, mas apesar de ter conquistado o espaço, o avanço da ciência se mantém no ar frente à questões fundamentais.
O pesquisador é o "homem da bola" só que se encontra imerso no campo a ser estudado: o problema ganha uma dimensão de desafio incalculável.
Observador e fato observado comungam do evento do desafio incomum: e aí se acham as questões mais desafiadoras da atualidade para as quais a física permanece muda.
O físico Marcelo Gleiser Universidade de Dartmouth - EUA, juntamente com o astrofísico Adam Frank (da Universidade de Rochester, EUA) e o filósofo Evan Thompson (da Universidade da Bitrish Columbia- Canadá)), Michel Bitbol (Centre National de la Techerche Scientifique), Chris Fuchs ( Universidade de Massachusets, Boston) Jenann Ismael (Universidade de Columbia- EUA) Peter Lewis ( Universidade Dartmouth) Michela Massimi (Universidade Edinburgh- Escócia) Adina Roskies ( Universidade de Dartmouth) Robert Sharf (Universidade da California - Berkeley) Mark Sprevak (Universidade de Edinbourgh- Escócia) e Peter Tse ( Universidade Dartmouth - EUA) impulsionaram o debate num evento sobre a questão:
" O Ponto Cego: Experiência, Ciência e a Busca pela 'Verdade'", realizado em abril último.
“Tudo o que fazemos na ciência é condicionado pela
forma como olhe para o mundo ”, diz Gleiser. "E a
maneira como olhamos para o mundo é necessariamente limitada".

Professor Marcelo Gleiser, da Universidade de Dartmouth-EUA, que aponta para as barreiras que limitam o conhecimento científico.
O físico, o astrofísico e o filósofo veem 3 barreiras à produção científica:
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A IMPOSSIBILIDADE DE OBSERVAR O UNIVERSO DO " LADO DE FORA"
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A CONSCIÊNCIA QUE É UM PRODUTO DE DENTRO DESSE UNIVERSO.
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E A TAL "NATUREZA DA MATÉRIA": o que revela a física quântica quando o observador interfere com o fenômeno observado.
Logo dentro desses LIMITES de CONDICIONAMENTO, impostos pelo próprio Universo: a produção de conhecimento tropeça e se mostra irremediavelmente presa na teia do próprio Universo.
Essa constatação frustra a esperança de se chegar a"Teoria do Tudo": aquela que explicaria o Universo por inteiro.
A subida ao podium para ganhar a faixa do sabe tudo: a noção do triunfalismo científico , fica embargada pela própria natureza do Universo.
Afirma Gleiser: “Essa noção de triunfalismo científico - a ideia de que 'basta nos dar tempo suficiente e não há problemas que a ciência não possa resolver'. Nós apontamos que isso de fato NÃO É VERDADE. Porque há muitos problemas que não podemos resolver."

O CERNE da questão: o mundo é cognoscível através de estudo científico desapaixonado, ou irremediavelmente dependente do ponto de vista e cheio de pontos cegos?
Michela Massimi, filósofa da Universidade de Edimburgo - Escócia, disse: “O realismo perspectivo, em resumo, diz que devemos acreditar que a ciência nos conta uma história verdadeira sobre a natureza”, diz Massimi. “Mas a questão chave é, como contar essa história dentro ... das fronteiras de instrumentos, tecnologias, teorias e construção de modelos que são produtos de comunidades científicas específicas em tempos históricos específicos."
Essa é a idéia que se destacou no encontro científico sobre os limites da ciência: que embora a ciência funcione, ela nunca pode esperar revelar a natureza “como ela realmente é”; nunca pode produzir uma “visão de Deus” do mundo. Pelo contrário, só podemos conhecer o mundo como ele aparece da nossa perspectiva. Para complicar as coisas, no entanto, um aspecto vital dessa perspectiva - a experiência consciente - tende a ficar de fora de nossa descrição científica do mundo. Conhecemos o mundo através de nossa experiência, mas a ciência luta para explicar essa mesma experiência.
"Eu não sei como a ciência pode realmente resolver este problema", diz Gleiser.
Quando a oficina chegou ao fim, pensei em algo que meu motorista de táxi havia dito, quando ele me levou de dois dias para a cidade do aeroporto. “Há uma coisa que eu sei sobre ciência, e é que você nunca pode ter 100% de certeza sobre qualquer coisa.” Eu acho que até mesmo Galileu teria concordado com isso, Arremata o autor do texto da revista Scientific American.
